Primeira cidade a implementar o Método Wolbachia em Santa Catarina, Joinville sediou nesta terça-feira (26) a solenidade que marcou oficialmente a ampliação das liberações dos Wolbitos no Estado, com a segunda fase em Joinville e a implantação do método nas cidades de Balneário Camboriú e Blumenau.

O evento foi realizado na UBSF Glória, com a participação do prefeito de Joinville, Adriano Silva, e representantes das prefeituras de Blumenau e Balneário Camboriú, Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Wolbito do Brasil, Governo do Estado e demais autoridades.

O gerente de Implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, apresentou como será a produção em Joinville e detalhou o processo de soltura dos mosquitos nos três municípios. A Biofábrica em Joinville agora passa a atuar como um Núcleo Regional de Produção. Semanalmente, serão produzidos em Joinville 11,1 mil frascos para as solturas, e a estimativa é que, nas três cidades, sejam liberados 3,4 milhões de mosquitos por semana. A expectativa é que estes wolbitos se reproduzam em campo, se estabeleçam nessas regiões e assim possam garantir a proteção das pessoas.

“O conhecimento técnico, ligado à boa vontade e à proatividade operacional garantiu uma boa execução do Método Wolbachia em Joinville que serve de exemplo para outras cidades no Brasil e tem nos ensinado muito também a como prosseguir nas próximas etapas”, reforça Sylvestre.

Após o evento oficial, as autoridades fizeram uma visita técnica ao Núcleo Regional de Produção do Método Wolbachia, no bairro Nova Brasília, local que também é o ponto de partida das rotas de soltura.

O prefeito de Joinville, Adriano Silva, comemora os avanços já obtidos na prevenção da dengue em Joinville e enfatiza que o engajamento das equipes no município deram condições para que a cidade pudesse atuar hoje como parceira dos outros municípios.

“No primeiro semestre deste ano, tivemos menos de mil casos de dengue e nenhum óbito. As ações integradas, como o Método Wolbachia, o trabalho de limpeza com os mutirões, a ação comunitária dos nossos agentes, dentro das nossas escolas, nas casas, além do apoio do cidadão joinvilense, e da imprensa foram fundamentais para este resultado. Hoje, com o lançamento dessa nova etapa, evoluímos para mais 15 bairros e teremos mais de 500 mil joinvilenses protegidos com o Método Wolbachia”, destaca o prefeito.

Para Fabio Gaudenzi, superintendente de Vigilância em Saúde do Governo do Estado de Santa Catarina, Joinville é um grande case de sucesso por ter abraçado a metodologia.

“Foi muito trabalho para Joinville chegar onde está, e tivemos a coragem da Prefeitura ao implementar a unidade regional aqui e que agora consegue também dar suporte para outros municípios. Isso mostra que, por trás de uma nova tecnologia, existe um trabalho árduo de desenvolvimento local, municipal e regional para que uma tecnologia funcione de fato”, analisa Gaudenzi.

Jorge Costa, Assessor da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, destaca que Joinville entendeu a importância do método e fez o seu dever de casa.

“O Método Wolbachia não é importante só para a dengue, mas previne também duas outras arboviroses, a chikungunya e a zika. O engajamento da sociedade como um todo, desde a população, os profissionais e o município, que investiu na construção da biofábrica, propiciou, sem dúvida, o sucesso da implantação do método”, avalia Jorge Costa.

Fabiano Pimenta, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, ressaltou a sinergia entre os municípios, o Estado, Ministério da Saúde e a Wolbito do Brasil.

“A primeira fase de soltura teve um sucesso muito grande, sob o ponto de vista da aceitação da população. Os resultados precisam ser avaliados a longo prazo, mas já tivemos no primeiro semestre de 2025, uma redução drástica dos casos de dengue em Joinville e, acima de tudo, nenhum óbito, e isso é o mais importante. Isso é fruto de ações integradas e concretiza um esforço da administração municipal, do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde, sendo essa a tônica do SUS”, avalia.

Rotas de soltura nas três cidades iniciam amanhã

A soltura oficial da segunda etapa nas três cidades inicia na quarta-feira (27/8), a partir das 6 horas, e vai abranger cerca de 400 mil catarinenses. A soltura está sujeita à avaliação técnica das condições climáticas do dia, pois não são realizadas em períodos de chuva intensa.

Os locais mapeados para o primeiro dia de soltura em Joinville serão os bairros Glória, Santo Antônio, Bucarein e Pirabeiraba. Também serão contemplados nesta segunda fase, na maior cidade de Santa Catarina, os bairros Adhemar Garcia, Anita Garibaldi, Boehmerwald, Dona Francisca, Itinga, Jardim Paraíso, Nova Brasília, Rio Bonito, Saguaçu, e Vila Cubatão, em uma área que abrange 150 mil moradores. Em 2024, a primeira fase de soltura dos Wolbitos contemplou 17 bairros e aproximadamente 360 mil moradores.

Joinville terá 3.844 pontos de soltura, distribuídos em 84 rotas. Em cada ponto, será aberto um frasco com cerca de 200 a 250 mosquitos. As liberações ocorrerão de terça a sexta-feira, sempre no início da manhã, a partir das 6h, aproveitando as condições climáticas favoráveis e o pico de atividade do mosquito. Cada rota leva, em média, duas horas para ser concluída. De acordo com o planejamento, as solturas ocorrerão nas próximas 26 semanas, encerrando no início de 2026.

O Método Wolbachia é uma tecnologia natural, autossustentável e segura para a redução da transmissão de arboviroses como dengue, zika e chikungunya e integra uma série de ações estratégicas promovidas pela Prefeitura de Joinville, por meio da Secretaria da Saúde, para diminuir o número de casos de dengue no município. Ações como mutirões, campanhas de conscientização como o Dez Minutos Contra a Dengue e ações educativas sobre a eliminação de possíveis criadouros do mosquito são iniciativas contínuas realizadas pelas equipes da Vigilância Ambiental.

O Método Wolbachia

O Método Wolbachia é uma tecnologia inovadora e sustentável conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde e operada pela Wolbito do Brasil que utiliza mosquitos Aedes aegypti que carregam a Wolbachia, uma bactéria presente naturalmente em mais da metade dos insetos da natureza.

Quando os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os mosquitos locais,
transmitem a bactéria para seus filhotes e assim, sucessivamente, aqueles mosquitos deixam de transmitir as doenças.

Essa tecnologia já foi implantada com sucesso em 15 países e em cidades brasileiras como Niterói, Campo Grande, Belo Horizonte e Joinville, onde os indicativos são promissores e contribuem nas ações estratégicas de combate à dengue.